
NeuzaMenenzes/AgênciaALBA
Pela primeira vez na história da Assembleia Legislativa, a visibilidade lésbica na Bahia foi tema exclusivo de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública. Proposto pelo deputado Hilton Coelho (Psol), o evento intitulado “Mais lésbicas no poder” reuniu, nesta terça-feira (27), representantes do segmento que expuseram aos parlamentares e gestores baianos suas demandas e reivindicações.
Além do proponente, participaram da audiência os parlamentares Neusa Cadore (PT), presidente da comissão, e Capitão Alden (PSL) – presidente e vice-presidente do colegiado - Fabíola Mansur (PSB) e Olívia Santana (PC do B); Flávia Reis, representando a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia; Amélia Maraux, da Uneb, representando Diadorim e a Liga Brasileira de Lésbicas.
A presidente da comissão abriu a discussão ressaltando o ineditismo e a contundência do tema, parabenizando o Forum Permanente de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTI da Assembleia pela provocação e o deputado Hilton Coelho, pelo tema e pelo formato. Tendo como fonte um dossiê sobre o lesbocídio no Brasil, a petista alertou para o aumento da violência contra as lésbicas na Bahia. “O estudo aponta 180 homicídios no período de 2000 a 2017, sendo que destes, 126 assassinatos aconteceram nos últimos quatro anos. Esse quadro é um indicador de que a violência cresce muito, a sociedade está cada vez mais intolerante e matando mulheres lésbicas”, alertou a parlamentar
Entre as ativistas que compuseram a mesa, Amélia Maraux colocou o reconhecimento da pauta do segmento como uma ação de política pública a ser pensada pelos parlamentares que ocupam a Casa. A situação das lésbicas no Brasil, segundo Maraux, é de invisibilidade, de violência do Estado, que não as reconhece como sujeitos de uma política em torno da cidadania e de direitos. “ Os dados da lesbofobia mostram, exatamente, o que é que ocorre hoje no Brasil. E quando a gente vem pra cá, isso é um ato de rompimento com uma cultura que tenta nos invisibilizar e nos violenta historicamente”, frisou.
Durante o evento, que contou com a interatividade de representantes de vários movimentos sociais como Michele Menezes, do Fórum Enlesbi, e Karine Eloy, da articulação de Jovens Feministas da Bahia, deram o toque artístico de resistência, as dragqueens baianas, Nágila Goldstar e Eva Sattiva.
O ponto alto na audiência, fazendo jus ao tema “Mais lésbicas no poder”, ficou por conta da declaração das mulheres lésbicas que se assumiram como pré-candidatas lésbicas à vereança e a prefeitas de cidades baianas. Entre elas, Laina Crisóstomo, presidente da ONG Tamos Juntas; Barbara Trindade, presidente do projeto Social 1+1 é sempre mais que dois; a atriz Lívia Ferreira, do coletivo Lesbibahia, rede Sapatar; Ana Sales, pre-candidata a prefeita de Vera Cruz e Mãe Iara D’Oxum, do terreiro Ilé Tomim Kiosise Ayo.
Para Hilton Coelho, a manifestação de participação política como representante da bandeira lésbica vem com muita dose de coragem por parte das pre-candidatas. “É uma vitória muito grande, o que mostra que, para além da discussão do manifesto de uma carta de intenções, nós podemos ter decorrências políticas de construção de verdadeiras trincheiras em relação à causa”.
Como resultado, ficou sugerida na audiência maior preocupação na construção de políticas públicas que venham a beneficiar a comunidade LGBT, mais diálogo com o Forum Permanente de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTI da ALBA. Também foram encaminhadas propostas de moção, uma de repúdio ao MEC, pelo corte das vagas da Unilab voltadas para o segmento; e a outra, pela fala misógina do presidente da República contra a primeira-dama da França.
ALBA
from Ebahia News https://ift.tt/2LceKJW
COMMENTS